Li na edição de Outubro da Revista Seleções esse texto. Procurei na internet e o localizei!
Vejam a importância de um livro !
Talvez muitos o tenham lido, mas fica aqui, achei legal compartilhar!
Espero que gostem e reflitam!
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Aos 10 anos, peguei emprestado na biblioteca um livro que tinha a palavra amante no título. A capa exibia uma carruagem dourada que lembrava a da Gata Borralheira, com reflexos brilhantes nos raios das rodas. Mamãe só notou o livro na minha pilha de vinte quando eu já estava em casa, lendo. O livro foi confiscado e voltamos à biblioteca. Lembro-me da vergonha que senti quando minha mãe explicou que eu precisava de material de leitura que fosse diferente daquele – ela pigarreou e baixou os olhos – que acabáramos de devolver.
A bibliotecária de plantão era a antítese do estereótipo. Alta e magra, o cabelo era ruivo e curto, afastado das maçãs do rosto proeminentes e pálidas. Os olhos eram grandes e verdes. Em vez de óculos na ponta do nariz aristocrático (dava para ver, havia uma aristocrata escondida ali), ela usava uma lente de aumento do tamanho de uma moeda grande, com moldura filigranada e pendurada numa corrente de ouro trançado.
Ela ergueu um dedo elegante, me olhou, sorriu, saiu de trás do balcão e acenou para que eu a seguisse. Passamos pelos computadores com proteção de tela verde e atravessamos o saguão azulejado até a seção acarpetada de ficção para adultos. Ela se vestia com simplicidade – calça verde-clara e uma blusa florida e esvoaçante. Mas o andar era tão gracioso que poderia ser escolhida para participar de um musical com Fred Astaire.
Ela desceu o corredor até a letra S, batucando a unha nos dentes brancos e regulares.
– Chegamos – disse. Ao olhá-la, seria de esperar que falasse com o sotaque britânico apropriado. Mas a pronúncia era adocicada, bem típica do Sul. Do mais profundo Sul.
– Chama-se I capture the castle (Conquistei o castelo), de Dodie Smith. A mesma autora de 101 dálmatas.
Eu me sentia velha demais para histórias com cachorros e vilões tão exagerados quanto Cruella Cruel.
– Mas este é muito diferente de 101 dálmatas – completou ela, ao perceber meu desapontamento.
Tentei lhe dar o benefício da dúvida. Mas estava cética. Quer dizer, o título já era esquisito. Capturei o castelo? Parecia um monte de garotos bobos brincando de rei da floresta.
Levei o livro para casa, me aconcheguei no sofá sob a janela e comecei a ler: “Escrevo sentada na pia da cozinha. Isto é, meus pés estão dentro dela; o resto está na bancada, que acolchoei com o cobertor do cachorro. Não posso dizer que seja muito confortável, e há um cheiro deprimente de sabão desinfetante, mas esta é a única parte da cozinha onde resta alguma luz do dia. E descobri que me sentar num lugar onde nunca me sentei pode ser inspirador; escrevi meu melhor poema sentada no galinheiro. Embora nem seja um poema muito bom. Decidi que a minha poesia é tão ruim que não devo escrever mais nenhuma.”
Fui cativada. Absolutamente cativada. Eu tinha um galinheiro. Queria ser escritora. Adorava rabiscar em lugares estranhos e me sentia insegura com minha poesia.
Nunca disse à bibliotecária como aquele livro foi importante para mim. Como instigou meus sonhos de escrever a ponto de eu levar diários nos passeios pelo bosque e parar para tomar notas na forquilha de uma velha árvore perto de um riacho frio e límpido.
Duas semanas atrás, passei duas horas e meia no carro a caminho do almoço de Natal com minha mãe, numa singular casa de chá na antiga praça da minha cidade. Não costumo levar minha filha pequena quando viajo de carro sozinha, porque ela precisa que alguém a distraia quando não está dormindo. Combinado a duas horas de engarrafamento que a acordaram porque o carro parou, isso deixou meus nervos à flor da pele.
Eu acabara de degelar os nervos e as mãos com uma xícara de café na casa de chá quando ergui os olhos e a vi. A bibliotecária de cabelo ruivo que mudara a minha vida. Dezesseis anos tinham se passado, mas, por um instante, o tempo parou. Havia mais algumas rugas ao redor dos seus olhos e, quando ela atravessou o assoalho de madeira polida até uma mesa coberta de renda inglesa, talvez se movesse um pouquinho só mais devagar.
Mas ainda possuía aquela beleza transcendente, aquela graça refinada não medida por idade, simetria nem moda. Um nó me fechou a garganta quando, no pescoço dela, vi a lente de aumento filigranada pendurada numa corrente de ouro trançado.
A xícara bateu no pires quando me levantei. Fui até ela, toda joelhos, cotovelos e energia, e disse, aos borbotões:
– A senhora trabalha na biblioteca! Certa vez a senhora me deu Capturei o castelo. Hoje sou escritora. E aquele ainda é meu livro favorito!
A mulher parou e sorriu com gentileza. Mas depois inclinou a cabeça ruiva. Percebi que a demência senil ou coisa parecida a impedira de me entender. Meu rosto corou. Dei um passo para trás. Uma mulher que se parecia com a bibliotecária e provavelmente era sua irmã a pegou pelo cotovelo e a levou embora com delicadeza.
Enquanto a observava partir, o passo tão leve quanto eu me lembrava, pensei em quantas vidas mudamos, sem perceber a importância do que fazemos. Pois tudo o que aquela mulher realmente fez foi me emprestar um livro. Mas isso conquistou meu mundo.
Vamos nessa?
Vejam detalhes lá na Luma!
Bom dia Chica, que historia linda!
ResponderExcluirUm livro que mudou a vida daquela moça e a importância da bibliotecária na sua vida!
Os livros são como lâmpadas que nos ajudam a enxergar novos mundos e abençoados os que nos induzem a lê-los!
Beijinhos e excelente dia!
Ailime
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia esse texto Chica!
Inspirador!
A Leitura abre a nossas mentes! rsrsr....
Um super bjo!
Alê- Bordados e Crochê
Fã Page
Gostei, nossa vida muda devagar no dia a dia igual ao casulo e a borboleta. Excelente leitura, obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirGrande abraço amiga Chica =)
Nanda
Obrigada Chica, pelo texto e por me recordares a minha infância que também eu, ia há biblioteca e foi aó o começo pelo prazer da leitura
ResponderExcluirMt legal esse texto! É incrível como uma palavra ou um gesto pode mudar uma situação na vida da gente, né?!
ResponderExcluirE que venha o BookCrossing Blogueiro, ai ai ainda não me decidi qual livro vou me desapegar, rs.
Bjs Chica e um ótimo final de tarde! =)
Vivendo e Aprendendo
Fotos e Prosas
Gostei muito do texto, os livros nos ensinam e inspiram tanto.
ResponderExcluirÓtimo fim de semana.
i num pestanejar!
ResponderExcluirquando um texto fala conosco é assim.
A bibliotecária ruiva que mudara a vida da escritora, pode estar ao nosso lado. É só querer.
bj
Zizi
digo: Li num pestanejar
ResponderExcluirChica querida ainda em SP, agora com uma folguinha que o Bruninho me deu eu corri aqui, uma postagem deliciosa e que nos faz pensar, tantos os livros que plantaram suas sementes em mim que eu seria injusta se escolhesse apenas um, bjos Luconi
ResponderExcluirLivros podem mudar nossa vida! Bem legal!!
ResponderExcluirAdorei o texto!
Bjs Neno
Que legal, adorei a história!!!!
ResponderExcluirPor isso que se diz que quem lê viaja... viaja até para o futuro....
Que bom!!!!
BJs
Chica, não conhecia o texto e me emocionou o final. Nem sempre as pessoas sabem o bem que nos fizeram com um simples gesto. Da mesma forma, também distribuímos incentivos ou servimos de exemplo, sem qualquer intenção nesse sentido. Livros são inspiradores e quando adequados para a idade de quem os lê, podem operar milagres, abrir cortinas, colorir o céu. Muito boa sua postagem. Bjs.
ResponderExcluirFoi bom compartilhar, Chica. Não tinha lido! bjsss
ResponderExcluirOi Chica que maravilha de história, quanta sensibilidade em algumas pessoas , que ajudam as demais.
ResponderExcluirA tua BC é semelhante à esta bibliotecária, pois mudou para melhor as minhas blogagens em geral, me dando estímulos e fazendo com que eu busque sempre mais conhecimento. Obrigada querida.
Bom dia
Abraço carinhoso.
Chica, linda! É tão bom receber visitas suas e, ainda mais, encontrar você nas visitas em outros blogs! Acabo de passar no blog do Fabiano(o nosso menino tão especial, né?) Lindo texto este que você postou, acho que suas visitas ao meu blog são assim como esta moça da biblioteca... você não imagina o quanto... pois, nos obriga a sair do nosso mundinho tão pequeno e, ver que há mais coisas na vida... um bom fim de semana, beijos!
ResponderExcluirLer é bom demais, adorei o texto;)
ResponderExcluirBeijos!
Que história legal essa! Eu também me encantei com a leitura quando ainda era bem pequena. Adorava ler. Como faz diferença a infância numa pessoa que ama ler
ResponderExcluirBeijos
Adriana
Oi Chica! Tem livros que marcam mesmo a nossa vida e nos fazem até mudar o rumo das coisas! O livro é um amigo que, apesar de mudo, nos diz muitas verdades! Bjks Tetê
ResponderExcluirOlá Chica,
ResponderExcluirUm texto excelente. Não conhecia.
É verdade que desconhecemos os efeitos que nossas atitudes ou palavras causam na vida das pessoas. Por isso, devemos estar sempre atentos e oferecermos o que há de melhor em nós.
Livros são mesmo portas abertas para o mundo e não existe companhia mais enriquecedora e agradável.
Já doei alguns livros, mês passado, e sempre faço isso independente do
Bookcrossing, que considero uma iniciativa formidável. De vez em quando 'esqueço' algum em lugar de maior circulação de pessoas.
Beijo.
Chica,
ResponderExcluirQue matéria legal essa que você compartilhou conosco!
Um grande incentivo para o BookCrossing.
Acredito que um livro pode mudar uma história.
Beijos
Lindo Chica . Tbm tenho lindas lembranças de meu tempo de infância na biblioteca da cidade, por isso tbm vou participar do BookCrossing
ResponderExcluirQue texto, Chica!!
ResponderExcluirEu me lembrei de uma frase de Henry David Thoreau "Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro."
Acredito fielmente nisso. A leitura tem a capacidade de transformação!
Obrigada mais uma vez!!
Beijus,
Literalmente viajei lendo este texto Chica ! Até hoje dou asas o meu romantismo pela influência dos únicos livros permitidos na Sala de Leitura do Grupo Escolar na zona rural onde nasci e vivi muito anos ... Eram os livros tipo folhetos da M.Dely, havia também livros de História do Brasil que muito me fascinavam, mas o mundo mesmo, conheci através das histórias de amor daquela escritora...Realmente o livro muda a historia de uma pessoa. Bjs e boa sexta feira.
ResponderExcluirsabe chica semana passada fizemos uma limpeza por aqui, filha prof pai que adora ler edu em transição literária pode imaginar o quanto ja tinha que não mais íamos ler...ai descobrimos uma loja de doces que empresta livros , ela recebe doação e as pessoas vão lá pega o livro pode ser até 1 mes ou renova e assim vai...doamos tudo para lá muito legal.
ResponderExcluirparabens pela divulgação.
beijocas,sejamos gentil.
belo fim de semana.
tem joaninha tem carinho de CHICA....adorooooooooooo
Oi Chica
ResponderExcluirEu não conhecia esse texto e me emocionei com a história. São textos como este que nos motivam a libertar os nossos livros para que possam quem sabe contribuir para a formação de novos leitores e concomitante novos escritores. Amei a leitura
Beijinhos com muito carinho desta amiga que te admira
Os livros mudam uma sociedade!
ResponderExcluirEles são armas , podem ser perigosos!
Sempre foram muito importantes!
Bjus e bom final de semana,querida!
http://www.elianedelacerda.com
Chica, muito bonito este texto!
ResponderExcluirVale a pena semear... E os livros como são importantes, trazendo sempre ferramentas p lindos voos...
Gostei de visitar agora este blog...
Uma boa noite... Abraços
Bom dia flor muito fofo seu cantinho adorei o conteúdo tenha uma semana iluminada.
ResponderExcluirBjsss da Danzoka
Maravilhosa, a estória. Vou dar para a minha ler. Ela tem 10 anos e tem uma veia de escritora. Tem uma porção de crônicas. Ultimamente, ela vem condensando em um arquivo.
ResponderExcluirO sonho dela é ser cineasta.
Eu me emocionei com a leitura. Voltei o tempo, e imaginei a biblioteca do colégio que estudei na infância.
bjs
Adorei, muito bom!
ResponderExcluirwww.tarasemanias.pt